Cheguei à escolinha com o meu filho, e o espaço que conduz às salas já no existia. No seu lugar, vi uma festa de poemas pendurados de cordas, como roupinhas a secar. O corredor virou Rua da Poesia. Rue de la Poésie.
Os corredores que conduzem a mi também viraram ruas e paseios, alguns viraram praias e castelos, e muitas são agora passeios subaquáticos. Todas andam encharcadas de metáforas. Saõ tantas que não posso dar conta de todas, e ficam por lá. Se isto continua assim, terei que arranjar alguém que me possa ajudar a arquivar, ou pelo menos a limpar.
Não, à sério. Isso não interessa. O que interessa é que li isto, pendurado numa cordinha da Rue de la Poésie. E foi como se tivesse apreendido francês de repente, e estivesse a ler o meu poema.
À force de m’écrire
Je me découvre un peu
Je recherche l’Autre
J’aperçois au loin
La femme que j’ai été
Je discerne ses gestes
Je glisse sur ses défauts
Je pénètre à l’intérieur
D’une conscience évanouie
J’explore son regard
Comme ses nuits
Je dépiste et dénude un ciel
Sans réponse et sans voix
Je parcours d’autres domaines
J’invente mon langage
Et m’évade en Poésie
Retombée sur ma Terre
J’y répète à voix basse
Inventions et souvenirs
À force de m’écrire
Je me découvre un peu
Et je retrouve l’Autre.
Andrée Chédid
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